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Como utilizar mapas de colheita para ver o resultado financeiro da lavoura?

Em nossa última postagem abordamos a utilização dos mapas de colheita para avaliação de estratégias empregadas. Visando dar continuidade no emprego desta importante fonte de dados iremos abordar neste texto a geração de mapas de lucro líquido espacializado para a gestão da propriedade.

Relembrando outras aplicações das informações geradas pelos mapas de colheita, além de mapas financeiros que será objeto deste texto, temos que estes mapas são úteis para delimitar regiões de manejo, aplicação de fertilizantes conforme a exportação de nutrientes e como abordado na publicação anterior para a avaliação de estratégias empregadas. Antes de seguirmos é importante lembrar que os dados gerados pelos sensores de produtividade necessitam de procedimentos analíticos para que seu conteúdo possa gerar informações confiáveis.


Outro ponto importante é que os custos aqui empregados têm por referência a planilha de custos de produção publicado no site da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Paraná, portanto é uma referência geral para o estado tendo diferenças muito significativas para cada região e de propriedade para propriedade. Mesmo assim, eles nos trazem uma visão mais abrangente de custos de produção no qual são adicionados custos de remuneração de capital investido e da terra, depreciação de máquinas e outros custos normalmente desconsiderados pelo agricultor da região.


Tratando da utilização destes mapas e sua aplicação vamos dar dois exemplos focados nas culturas com maior expressão na região: a soja no verão e o milho safrinha.

Na figura 1 temos a visualização de um mapa da cultura da soja, neste observamos que temos faixas de produtividade que vão desde 147 sacas/alqueire a 241 sacas/alqueire, ficando caracterizada grande variabilidade na produtividade do talhão, esta variabilidade pode ter várias causas, mas abordar estes fatores não será objeto deste texto, vamos nos focar na análise econômica dos resultados.


Agrupamos os resultados de colheita por classe de produtividade na tabela 1, assim reduzimos o número total de classes e aumentamos sua significância em área. Para a análise do lucro líquido consideramos o preço de venda da soja em R$ 140,00/saca e o custo de produção fixo em todo o talhão (DERAL, 2021) em R$ 12.000,00 por alqueire.

Nesta tabela notamos que as diferenças de receita líquida dentro de um mesmo talhão podem ser maiores que R$ 9.800,00 por alqueire se considerarmos os extremos das classes, porém estes extremos não representam grande parte da área total, 2,8% e 3,7% da área total.


Se centrarmos as análises nas duas faixas destacadas em vermelho na tabela 1, temos que as participações na área total são significativas: 15,4% na faixa de 185 sacas por alqueire e 14,8% na faixa de 210 sacas por alqueire, assim chegamos a uma diferença de R$ 3.500,00 por alqueire.



Figura 1 – Mapa de produtividade da soja safra 2020/21

Tabela 1 – Análise da participação de classes na área total e receita líquida por alqueire

Na figura 2 temos um mapa de colheita do milho safrinha na região, este sofreu com as geadas ocorridas neste inverno, mesmo considerando o efeito da altitude no talhão e severidade de danos da geada, constatamos que existe variabilidade bem significativa na área, apresentando resultados em sacas por alqueires de 120 a 250 sacas. Esta variabilidade, assim como no exemplo anterior, pode ter várias causas técnicas, tais como fertilidade do solo, ocorrência de pragas e doenças entre outras que novamente não é objeto deste texto.


Utilizando o mapa de colheita do milho para análise financeira dos resultados agrupamos as produtividades por classes na tabela 2, para os resultados de lucro líquido consideramos o preço médio de vendas em R$ 90,00 e os custos de produção do milho safrinha por alqueire em R$ 11.500,00 (DERAL, 2021), sendo o custo total igual em todo o talhão.


Novamente as diferenças entre os extremos da produtividade na lavoura chegam a R$14.950,00 entre as faixas de 120 e 250 sacas por alqueire, porém por se tratarem de extremos de produtividade e com pequena participação no total da lavoura, se avaliarmos a diferença de lucro líquido entre as faixas destacadas em vermelho na tabela teremos uma diferença de R$3.150,00/alqueire.



Figura 2- Mapa de produtividade do milho na safra de inverno de 2021

Tabela 2 - Análise da participação de classes na área total e receita líquida por alqueire

Analisando as duas culturas observamos que ambas conseguiram, nas condições ocorridas durantes as safras, resultados líquidos médios positivos, porém na cultura do milho a produtividade foi mais decisiva para o resultado final principalmente após a ocorrência de geadas ocorridas na região.


Outra questão importante é que em ambos os talhões existem excelentes oportunidades de aumento de lucratividade, seja encontrando as causas da variação na produtividade, bem como direcionando os investimentos em fertilidade e sementes em taxas variáveis. Neste sentido a análise de proporção de faixa de produtividade nos permite priorizar por relevância quais fatores merecem maior atenção no planejamento da safra seguinte.


Não é nossa intenção esgotar o assunto, pois várias análises podem ser feitas com estas informações, mas sim despertar os leitores quanto a importância da utilização destas ferramentas disponíveis em grande parte das colhedoras da região.

O AGROEVOX é parceiro do agricultor no processamento e análise dos dados de colheita.


Lembre-se: bom uso das informações disponíveis é um aliado na melhoria da produtividade.



Referência bibliográfica:

DERAL PARANÁ - SECRETARIA DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO. Custos de produção 2021. Disponível <https://www.agricultura.pr.gov.br/CustosProducao>. Acesso em:21 de agosto de 2021.


Texto por: Francisco Nogara Neto - Eng° Agr° MsC

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